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“A intencionalidade do processo educativo que caracteriza a intervenção profissional do educador passa por diferentes etapas interligadas que se vão sucedendo e aprofundando, o que pressupõe: observar, planear, agir, avaliar, comunicar e articular.

                                                 In Orientações Curriculares para o Pré-Escolar, 1997

 

       De acordo com a Lei Quadro da Educação Pré-Escolar, compete ao educador “estimular o desenvolvimento global da criança, no respeito pelas suas características individuais, desenvolvimento que implica favorecer aprendizagens significativas e diferenciadas”. 

    Cada criança é um indivíduo com o seu próprio valor e com vivências e experiências únicas que importa valorizar a relação individualizada que estabelecemos com cada uma delas. É facilitadora da sua inserção no grupo e das relações com as outras crianças e implica a criação de um ambiente securizante que cada uma conhece e onde se sente valorizada.

Promovendo o desenvolvimento global da criança, cabe-nos o importante papel de proporcionar situações que lhe despertem a curiosidade e potenciem a sua capacidade de pensar e de agir, encorajando-a a procurar soluções e a ultrapassar dificuldades, propondo jogos que estimulem a sua imaginação e organizando actividades, dentro e fora do jardim-de-infância, que possam alargar e complementar os seus conhecimentos.

Diariamente, somos confrontados com normas, regras e valores com os quais nos identificamos porque já os adquirimos e fazem parte de nós. Este processo de aquisição começa logo desde cedo e prolonga-se por toda a vida, constituindo um suporte para o indivíduo, enquanto ser integrante de uma sociedade.

Inicialmente a criança não tem noção, precisa do bem e do mal e tende a agir de acordo com as suas necessidades e desejos. “Primeiro eu, depois eu, e eu” – será a sua regra e a sua reivindicação essencial. Ainda lhe é muito difícil levar em conta os outros, como ainda não compreendeu que os outros também têm desejos e necessidades e que as regras existem.

Esta saudável construção de regras a que nos propomos, como forma de “regular” a vida da criança, gradualmente assimiladas, contribui para o desenvolvimento da autonomia e sentido de responsabilidade – o que proporciona ao educador mais espaço para intervir, apoiar e motivar o grupo. Sendo a criança parte integrante deste processo de construção, esta, tem de compreender porque razão as cumpre, só assim serão aceites como normas capazes de a ajudar durante os vários momentos do dia, fazendo com que se sinta mais segura.

A autonomia é, pois, uma meta a atingir a partir da relação da criança com o meio, estimulando a iniciativa, a experimentação e a possibilidade de analisar experiências.

É também essencial que a criança tenha contacto com a leitura e a escrita. Para tla, a criança necessita da disponibilidade da família, do contacto e da relação com o material que facilite todas as suas aprendizagens, a possibilidade de conversar e ser ouvida, de ouvir e ver contar histórias, de manusear livros, poder rabiscar, desenhar, escrever, etc.

Ao dominar e contactar com os diferentes materiais, a criança adquire um à vontade em manipular, explorar e transformar os materiais tomando consciência de si própria na relação com os objectos e no domínio das diferentes formas de expressão.

Tudo isto só é possível com base numa observação contínua e de acordo com o que sabemos sobre cada criança, individual, e sobre o grupo em geral, para assim podermos proporcionar um ambiente estimulante de desenvolvimento, capaz de promover aprendizagens significativas e diversificadas e adequar a nossa acção pedagógica ao grupo, de modo a responder de forma positiva às suas necessidades e interesses, não descurando as individualidades de cada um.

Compete ao educador, na sala:

   - Organizar o espaço físico em que as crianças se movimentam, com o objectivo primordial de criar um ambiente favorável ao processo de ensino/aprendizagem.

   - Orientar as crianças para saber estar, com o cumprimento de regras.

   - Fomentar as relações pessoais.

   - Apresentar estímulos que facilitem a aprendizagem em consonância com a equipa de trabalho.

      O educador tem de ter o equilíbrio emocional que lhe permita relacionar-se com a criança de modo que consiga uma interacção saudável, um clima onde esta se sinta amada, segura e, ao mesmo tempo, tem de criar um ambiente estimulante ao seu desenvolvimento.

Terá que:

   - Adequar as suas actividades não só ao ambiente educativo como ao meio em que a instituição se encontra inserida, numa perspectiva de flexibilidade.

   - Partir daquilo que a criança já sabe e valorizar os seus saberes como fundamento de novas aprendizagens.

   - Praticar uma pedagogia diferenciada, centrada na cooperação, em que cada criança beneficie do processo educativo desenvolvido com o grupo.

   - Manter a comunicação com os pais através de trocas informais e de reuniões para conhecer as suas expectativas e para esclarecer sobre o processo educativo a desenvolver com o grupo. Incluir a participação e colaboração dos pais no projecto educativo.

   - Estabelecer com as crianças uma relação de amizade, cooperação, ajuda, estimulação e encorajamento nos seus progressos, a fim de contribuir para a sua auto-estima, constituindo assim, um exemplo para as relações que as crianças estabelecerão entre si.

   - Proporcionar espaço e material adequado às necessidades das crianças, criando ambientes desafiantes e estimulantes que proporcionem novas experiências à criança em contextos significativos, oportunidades para a aprendizagem activa e resolução de problemas.

   - Incentivar a autonomia e responsabilidade de cada criança e do grupo.

   - Dar oportunidades à criança de se afirmar, tomar decisões, explorar o mundo que a rodeia e satisfazer os seus desejos.

   - Permitir que cada criança encontre as suas próprias soluções sem a pressionar intelectualmente, respeitando assim a sua individualidade e o seu ritmo de desenvolvimento.

   - Estar atento no sentido de detectar dificuldades ou incapacidades e encaminhar o seu tratamento precoce.

   - Planear a integração das actividades de rotina diária numa dinâmica educativa.

   - Estimular as crianças tendo em conta o seu desenvolvimento global.

   - Sensibilizar a população para a problemática da infância.

   - Criar, junto da família um clima de confiança entre pais, educadora e ajudantes, baseado numa relação de respeito e veracidade mútua, através de encontros informais, visitas, reuniões de carácter informativo e pedagógico, entrevistas, festas e convívios.

   - Valorizar o papel da família no processo de desenvolvimento das crianças, tendo em conta que o papel do educador é o de apoiar e desenvolver a educação preconizada pelos pais.

 

Perfil do educador

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